SBC orienta que quem teve Covid-19 deve fazer acompanhamento médico
SBC orienta que quem teve Covid-19 deve fazer acompanhamento médico

12/08/2020, 09:25 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30

Vigilância é importante para investigar e evitar riscos de futuras complicações cardíacas

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) desde o início da pandemia vem alertando para os riscos que a Covid-19 traz ao sistema cardiovascular e o potencial dessa infecção ocasionada pelo novo coronavírus, que pode trazer complicações respiratórios graves e até mesmo ser letal em portadores de doenças cardíacas e cardiometabólicas (diabetes e obesidade).

Agora, estudos científicos brasileiros e internacionais indicam que parte dos pacientes que se infectaram com o SARS-CoV-2 podem, mesmo após a cura da doença, ter complicações que podem afetar órgãos como os rins e o coração. Por isso, a SBC recomenda que pacientes que tiveram Covid-19, já recuperados, devem manter o seu acompanhamento médico e estar atentos a possíveis complicações futuras.

“As complicações cardiovasculares precisam ser vistas com atenção. O novo coronavírus pode afetar qualquer estrutura do coração, causando inflamação e trombose nos vasos e tecidos”, alerta Evandro Tinoco Mesquita, presidente do Departamento de Insuficiência Cardíaca e coordenador da Universidade do Coração da SBC.

Dois novos estudos publicados no fim de julho, no periódico Jama Cardiology, apontaram que a Covid-19 pode atingir o músculo do coração e causar uma inflamação silenciosa que pode ser encontrada semanas após o paciente se recuperar da infecção.

Uma das pesquisas, realizada por meio de autópsias com 39 pacientes, mostrou a presença do vírus no miocárdio em 60% dos casos. Já a outra análise feita por alemães, com cem pessoas que conseguiram se recuperar do novo coronavírus, demonstrou envolvimento cardíaco em 78% dos pacientes e em 60% foi diagnosticada, por meio de ressonância magnética cardíaca, inflamação miocárdica mesmo após mais de dois meses da recuperação do quadro clínico do paciente.

Mesquita comenta que doenças virais podem atingir o coração causando quadros inflamatórios e que as pesquisam vêm mostrando que o novo coronavírus atinge o sistema cardiovascular com mais frequência, mas não há motivos para pânico.

Ele explica que toda pesquisa sobre a Covid-19 é relevante, mas esclarece que no estudo alemão o tamanho da anormalidade encontrada foi pequeno e que função da bomba cardíaca não foi afetada de forma significativa.

Para ele, as pesquisas atuais mostram a importância da cardiovigilância para os pacientes acometidos por Covid-19, mesmo recuperados, independentemente da condição cardíaca e metabólica (diabetes e obesidade), tanto os que precisaram ser hospitalizados quanto os que se recuperaram em casa.

O cardiologista ainda recomenda que particularmente aqueles que tiveram o diagnóstico de ter tido o coração afetado durante a hospitalização ou que venham apresentar sintomas cardíacos após o quadro agudo da nova infecção, que façam acompanhado médico para avaliar como está a condição cardíaca.

Mesquita também orienta que todos que tiveram a Covid-19 e já se recuperaram, se sentirem falta de ar, palpitações, dor torácica, falta de ar ou desmaios devem buscar avaliação médica.

Para o cardiologista, os estudos clínicos que estão sendo realizados em diversos centros cardiológicos no Brasil com os indivíduos assintomáticos serão fundamentais e irão nortear o impacto dessas anormalidades e o quanto elas podem ter involução como ocorre comumente em outras viroses, estabilizarem ou progredirem. “Estamos nós, médicos, educadores e pesquisadores trabalhando num ambiente de incertezas ainda. A combinação de prudência e pesquisas médicas são nossas ferramentas para formular futuras políticas de atenção cardiovascular”, destaca.

Como a ciência já mostrou que a Covid-19 provoca uma agressão direta ao coração, portadores de doenças cardiovasculares precisam redobrar os cuidados.

Aproximadamente 14 milhões de brasileiros têm alguma doença cardiovascular e mais de 380 mil morrem por ano em decorrência dessa patologia, o que corresponde a 30% de todas as mortes no país. “São cerca de mil mortos por dia, o que é mais ou menos o que vem estimando hoje a sociedade brasileira em função da pandemia da Covid-19. É um assunto de absoluta relevância, que precisa ser encarado pelas autoridades públicas como prioritário”, ressalta Mesquita, que orienta pacientes cardiopatas continuem com seus medicamentos e façam acompanhamento médico, já que quem possui essas comorbidades tem risco de morte aumentado em até quatro vezes quando contraído o novo coronavírus.

Alerta para cardiologistas

Estudos científicos brasileiros também indicaram que parte dos pacientes que se infectaram com o novo coronavírus podem apresentar problemas de saúde mesmo após a cura da doença.

Pesquisa feita por cientistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com 500 pacientes que tiveram Covid-19 apontou que 70% ainda enfrentam sintomas. As consequências são mais graves para pessoas que tiveram quadros avançados da doença. A avaliação é que 20% dos contaminados apresentem algum tipo de complicação, entra elas: fibrose pulmonar, lesão renal e problemas cardíacos.

Para o diretor-científico da SBC, Fernando Bacal, os resultados desse e de outros estudos são um alerta para que os médicos investiguem outros riscos da Covid-19 e tenham uma vigilância maior com quem já teve a nova infecção.

"Não é para gerar um alarde, mas é justamente para o clínico, o cardiologista, o médico infectologista que cuidou desse paciente tenha ideia de que tem de fazer um eletro, um ecocardiograma mais tardiamente, da mesma forma que se faz exame de imagem no pulmão, para ver se o paciente passou pela Covid-19 sem uma agressão que vai gerar um dano mais à frente e que vai precisar de algum tratamento", afirmou.

Bacal lembra também que é importante identificar precocemente os pacientes que tiveram sequelas da infecção pelo novo coronavírus, pois o quanto antes o problema for detectado, aumentam as chances de tratar a tempo de reverter o quadro e evitar danos permanentes à saúde do paciente.

Opinião reiterada por Evandro Tinoco Mesquita, para quem a Covid-19 é uma patologia nova, suas sequelas e complicação ainda são pouco conhecidas e o as pesquisas são extremamente importantes. “A SBC, no seu papel de sociedade científica nacional, alerta os cardiologistas a fazerem o acompanhamento dos pacientes cardiopatas e com sintomas cardíacos, inclusive com o uso da telemedicina Também apoia e incentiva os estudos sobre a nova infecção e está conduzindo um registro que analisa o aspecto da agressão pela Covid-19 ao coração, ainda sem data para ser divulgado.”

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