Redução do risco cardiovascular com E-EPA no estudo REDUCE-IT é ainda maior em pacientes pós-ICP

18/11/2020, 11:26 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30

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  • Humberto Graner Moreira
  • No último congresso Transcatheter Cardiovascular Therapeutics (TCT) Connect 2020, foram apresentados resultados do estudo REDUCE-IT PCI com mais evidências a favor do ácido etil-eicosapentaenoico (E-EPA) na redução de eventos cardiovasculares adversos maiores (MACE). Esses dados ainda não foram publicados.

Mas o que é esse ácido etil-eicosapentaenoico (E-EPA)? O E-EPA é um ácido graxo da família dos ômega-3. O REDUCE-IT (2018) foi um ensaio clínico multicêntrico, duplo-cego, que randomizou 8.179 pacientes com doença cardiovascular estabelecida (70%) ou diabetes associado a fatores de risco, para receberem E-EPA em altas doses (2g, 2x ao dia) ou placebo, durante quase 5 anos. Os níveis de TG estavam entre 135 e 499mg/dL, e a mediana de LDL-c era baixa, 74mg/dL. Ao final do seguimento, o E-EPA reduziu em 25% o desfecho composto primário (HR:0,75 IC95% 0,68-0,83 p<0,001). A redução de risco absoluto foi de 4,8%, com um NNT de 21. Houve redução significativa também na mortalidade cardiovascular em 17%.

Em uma análise exploratória posthoc de pacientes do estudo REDUCE-IT, o E-EPA foi associado a uma redução de 39% no risco de MACE nos pacientes que foram submetidos a uma intervenção coronária percutânea (ICP) prévia. Para a análise atual, os investigadores incluíram apenas os 3.408 pacientes com história de ICP antes do estudo (41,7% da população original, idade média 63 anos; 20,7% mulheres). Esses pacientes foram randomizados aproximadamente 2,9 anos após a ICP.

O desfecho primário foi definido como o composto de morte cardiovascular, infarto do miocárdio, AVC, revascularização ou hospitalização por angina instável. O desfecho secundário do estudo foi o composto de morte cardiovascular, infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral. O uso de E-EPA foi associado a uma redução relativa de 34% no risco para o desfecho primário (25,6% vs 37,6%; HR, 0,66; IC 95% 0,58-0,76; P <0,0001) ao longo de um período de acompanhamento de 4,9 anos (mediana). Isso equivale a uma redução do risco absoluto de 8,5%, e um número necessário para tratar (NNT) de 12. Para o desfecho secundário, a redução de risco relativo com o E-EPA foi de 34% (15,4% vs 23,5%; HR, 0,66; IC de 95%, 0,56-0,79; P <0,0001), com uma redução de risco absoluto de 5,4% e um NNT de 19. Os autores observaram ainda que, ao passo que a redução no risco do primeiro evento tenha sido 34%, o segundo e o terceiro eventos cardiovasculares adversos maiores foram reduzidos em 40% e 50%, respectivamente. De modo geral, o E-EPA foi bem tolerado, mas foi observado um aumento na incidência de fibrilação/flutter atrial (3,4% vs 2,2%; P = 0,04).

Comentários: Os ácidos graxos ômega-3 são derivados de óleos de peixes de água fria, e em altas doses reduzem o nível de triglicérides e elevam discretamente o HDL-c. Em portadores de doença coronariana, a dose de 1 g/dia reduziu eventos cardiovasculares. Mas, com a associação concomitante com as estatinas, esses benefícios não foram claros. Por isso, o REDUCE-IT surpreendeu desde a sua primeira apresentação em 2018. Várias análises deste grande ensaio clínico têm sido publicadas desde então. Além dos resultados centrais do estudo, destaca-se uma redução relativa de 34% na necessidade de revascularização coronária na coorte original.

Assim como observado na publicação geral do estudo, houve reduções modestas nos triglicerídeos. Especula-se que possa haver um forte componente anti-inflamatório com esta formulação, além de dados recentes do estudo EVAPORATE, apresentado no ESC 2020, ter indicado um retardo na progressão da aterosclerose com o E-EPA. Os autores não têm uma explicação definida para esses resultados que surpreenderam em relação a estudos anteriores com ômega-3. Vale lembrar que, no Brasil, as formulações comerciais de ômega-3 contém frações muito baixas de EPA, e o E-EPA isolado, como utilizado no estudo, não está disponível no país.

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