Politização da saúde não pode ser maior que as políticas de saúde
Politização da saúde não pode ser maior que as políticas de saúde

27/07/2020, 15:34 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30

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Presidente da SBC e Claudio Lottenberg defendem organização da estrutura assistencial e investimento em pesquisa para a melhora da qualidade

e da eficiência do setor

“Enfrentamos uma crise de saúde, política e econômica sem um plano conjunto entre os três poderes e outras instâncias governamentais. Nem um protocolo único de saúde temos. Urge que o país pense em como quer sair dessa crise e não desprezar os riscos. A politização da saúde não pode ser maior que as políticas de saúde.” Assim afirmou o presidente do Conselho da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e do Instituto Coalizão Saúde, Claudio Lottenberg, na live promovida pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), no último dia 20, que debateu a Covid-19: Cenários para o Brasil.

No encontro digital ao vivo, Lottenberg frisou que o país já passou por muitas experiências ruins e que está na hora de ampliar os espaços facilitadores no combate à corrupção, no estímulo à prática do desenvolvimento de projetos que atendam às necessidades da sociedade brasileira. “Precisamos de vozes ativas que comprem o desafio, com transparência, de pensar em transformação, mas que nem sempre vai conseguir contemplar a todos, no entanto, fará o possível para modificar a realidade dentro de um cenário possível de eficiência e equidade, principalmente dentro da saúde.”

Para o presidente da SBC, Marcelo Queiroga, os desafios que temos na saúde pública e na economia devido à pandemia são inúmeros e podem aumentar em razão das doenças que estão sendo negligenciadas.

Por receio de contaminar com o novo coronavírus e contrair a infecção Covid-19, mesmo com as recentes reaberturas, muitos pacientes portadores de doenças cardiovasculares, que são 14 milhões de brasileiros, estão deixando de ir ao médico para fazer o controle e o acompanhamento dessas enfermidades, que levam à óbito mais de 380 mil pessoas por ano no país, e até mesmo buscar auxílio quando necessário nos serviços de emergência. Um cenário bastante preocupante. “O fato é que a pandemia está mexendo com sistema de saúde e fazendo os cidadãos se preocuparem apenas em evitar a infecção pelo novo coronavírus. Após este período de emergência em saúde pública, as doenças crônicas e demandas eletivas vão chegar fortemente e a quantidade de casos mais graves de várias patologias pode mesmo aumentar. Poderemos ter uma terceira onda da pandemia, focada na mortalidade das doenças crônicas, o que pode ser igualmente devastador”, alertou.

Mais uma vez, para Lottenberg não faltam políticas públicas para o esclarecimento e enfrentamento dessas doenças. A questão está na organização, orientação e na comunicação assertiva que devem ser feitas à sociedade, inclusive como as medidas de higiene, a importância do distanciamento social e um projeto definido e claro dos governantes para que a população de fato possa cuidar da saúde.

“Neste momento, muito se fala sobre a falta de recursos. Mas, também, faltam organização de estrutura, engajamento por parte do próprio paciente, maior integração de times na prática do atendimento e utilização do mundo digital que aproxima e democratiza o processo assistencial. Quem sabe a partir desta pandemia a sociedade possa estar preparada para ser menos corporativista e mais comprometida com a ética. O mundo está mudando e temos que evoluir. Vamos superar o coronavírus com duras perdas, mas a sociedade tem de aprender a viver num novo padrão relacional”, destacou.

O presidente do Conselho do Albert Einstein, apoia uma reforma de plano digital em saúde, com adoção do prontuário eletrônico para ter a integralização e a validação do sistema como forma de ofertar valor ao serviços de saúde. Aqui ele acredita que a telemedicina tenha papel fundamental para trazer equidade, acesso e integração dos setores. “A telemedicina, também defendida pela SBC, oferece a chance, antes restrita a poucos, de ser atendido por um médico que segue as melhores práticas assistenciais e que, se julgar necessário, indicará o paciente para um atendimento presencial. Ela gera inclusão ao encurtar distâncias e é um modelo de sucesso no mundo todo por melhorar e ampliar o alcance dos sistemas de saúde e facilitar as decisões de natureza técnica, sem a necessidade de mobilidade constante”, afirmou.

E os avanços do atendimento virtual vão além. O envelhecimento da população, a necessidade de maior mobilidade e a crescente apropriação tecnológica, na visão do médico oftalmologista, abrem espaço para a adoção de novas ferramentas. “Elas universalizam o acesso a serviços, criam empregos e atendem anseios. Assim como toda nova tecnologia, a telemedicina gera uma conversa importante e fundamental sobre a medicina baseada em valor, mais eficiente e põe o paciente no foco do cuidado”, garantiu Lottenberg.

Desenvolvimento e pesquisa

A SBC, como sociedade científica, tem o compromisso de expandir e difundir o conhecimento científico, estimular a pesquisa e divulgar junto à sociedade civil os aspectos epidemiológicos das doenças cardiovasculares, sua prevenção e tratamento. Em consonância com a constante evolução da medicina, estabeleceu como missão difundir esse conhecimento, a ética, a inovação e promover o desenvolvimento do cardiologista para a realização de ações em prol da saúde. A elaboração de diretrizes sobre vários temas da cardiologia tem sido uma prioridade para a entidade, balizando à prática da especialidade e contribuindo com a implantação de políticas de saúde no Brasil.

Dentro deste contexto, Queiroga questionou Claudio Lottenberg por que o Brasil investe pouco em pesquisa e no desenvolvimento da indústria da saúde.

Um dos maiores desafios na busca da medicina de excelência, pautada por ferramentas de qualidade, está na compreensão de que investir na saúde é importante para o crescimento da atividade econômica do Brasil e, para tanto, é fundamental que seja feito investimentos em desenvolvimento, pesquisa e inovação, afirmou Lottenberg. Para ele, o Brasil paga o preço de políticas que querem construir o novo e destruir o passado. “A transferência tecnológica é importante para os mais de 210 milhões de brasileiros. Não importa se são atendidos pelo sistema público ou privado. É isso que estimula o setor de bens e serviços e que apoia o mercado”, explicou.

Ele lembrou que a falta da prerrogativa de investimento na indústria da saúde fez o Brasil pagar um alta preço na pandemia, tendo de buscar às pressas respiradores e equipamentos de proteção individual (EPIs) no mercado internacional. Lottenberg também pontuou que falta estímulo aos jovem pesquisador que acaba indo para o exterior, onde o investimento em pesquisa científica é amplo, e, devido à insegurança jurídica, inibe a participação ativa da iniciativa privada nesse setor. “Nosso sistema de saúde e o Estado federativo não oferecem segurança para o investimento privado, como acontece em outros países, nem tampouco para a vinda do capital estrangeiro, que demora a chegar no país. Enquanto nossos governantes não investirem e estimularem a pesquisa, a tecnologia e a inovação não teremos como competir com o mercado internacional e nem ofertar uma assistência à saúde de qualidade, com eficiência e efetividade”, lamentou.

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