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Orientação sobre a racionalização do uso de contraste iodado para exames e procedimentos médicos

Nota foi desenvolvida pelo Ministério da Saúde em conjunto a entidades médicas, entre elas a SBC


O Ministério da Saúde (MS) – por intermédio da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde - SAES e da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde – SCTIE; o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR); a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC); a Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI); e a Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular (SOBRICE) orientam por meio desta Nota a racionalização do uso de contraste iodado para exames e procedimentos médicos, até que ocorra a normalização do fornecimento do produto.


A escassez de meios de contraste é global e de grande preocupação. A interrupção nas cadeias de suprimento, produção e distribuição ocorre principalmente por consequência da pandemia da COVID-19, na China, uma vez que medidas de “lockdown” foram decretadas localmente, impactando na cadeia de produção das indústrias chinesas. Uma das principais empresas afetadas, o laboratório GE Healthcare, informou, em nota, que a fábrica de Xangai havia sido afetada, mas que, desde o início do mês de junho, retomou em 100% a capacidade de produção. No entanto, devido à escassez no mercado internacional, ainda há a dificuldade no atendimento e normalização da relação entre oferta e demanda.


Dessa maneira, a fim de auxiliar e minimizar os danos relacionados à situação apresentada, faz -se necessário otimizar o uso dos meios de contraste, observando-se as seguintes recomendações gerais:

  • Avaliação do estoque disponível de meio de contraste iodado;

  • priorizar procedimentos em pacientes de maior risco e em condições clínicas de urgência e emergência;

  • evitar qualquer desperdício; e

  • considerar a utilização de métodos diagnósticos alternativos, quando possível.

Recomendações específicas:

  • Avaliação pela instituição e pelo serviço de imagem do histórico de número de exames de tomografia computadorizada (TC) que utilizem meio de contraste iodado por mês, cuja indicação seja de emergência/urgência* – demanda mensal:

a) reservar a quantidade de meio de contraste iodado para indicações de emergência/urgência, a partir do cálculo histórico da demanda mensal;

b) o restante do meio de contraste iodado disponível na instituição/serviço deverá ser utilizado de acordo com a indicação médica;

  • em indicações eletivas ou exames não urgentes, na dependência de meio de contraste disponível, sugere-se reduzir o volume de meio de contraste, desde que não comprometa a qualidade final e a acurácia do exame;

  • sempre que possível, adaptar o volume do meio de contraste ao peso do paciente;

  • utilizar sempre flush de soro fisiológico (cerca de 50 ml) logo após a administração de contraste iodado por via endovenosa, para evitar que pequenas quantidades de contraste fiquem acumuladas em veias do braço, melhorando a sua eficiência;

  • Sempre que possível, desde que não comprometa a acurácia do exame, realizar a TC sem contraste** ou substituir por outros métodos propedêuticos com acurácia diagnóstica semelhante (ultrassonografia, ressonância magnética ou de medicina nuclear)***;

  • não utilizar meio de contraste iodado por via oral, para TC, exceto se extremamente indicado, para casos selecionados;

  • em casos de exames por hemodinâmica ou no bloco cirúrgico, realizar a abertura gradual dos frascos de meio de contraste; e

  • não violar boas práticas assistenciais em casos de frascos abertos e meio de contraste iodado não utilizado. Sempre verificar com o fabricante questões relacionadas a armazenamento adequado, tempo de utilização desde a abertura do frasco e utilização de sistemas anti-refluxo.


* Indicações de TC com contraste iodado na urgência/emergência:


Emergência


  • Hemorragia ativa

  • Dissecção vascular, aneurisma roto ou sob risco de ruptura

  • Isquemia aguda (mesentérica, de membros, cerebral)

  • Tromboembolismo pulmonar com instabilidade hemodinâmica

  • Politrauma


Urgência

  • Malformações arteriovenosas com manifestações clínicas de ICC

  • Angiomiolipoma renal com risco de ruptura

  • Procedimentos intervencionistas oncológicos

  • Diagnóstico e estadiamento de câncer

  • Obstrução da via biliar e da via urinária

  • Tratamento endovascular de aneurisma cerebral


** Indicações selecionadas para realização de TC sem contraste:

  • Dor no flanco de início agudo, suspeita de urolitíase.

  • Dor abdominal aguda não localizada, sem outra especificação.

  • Doença respiratória aguda em pacientes imunocompetentes, com radiografia de tórax negativa ou inconclusiva.


*** Métodos alternativos à TC contrastada em situações de escassez de meio de contraste iodado:


Ressonância Magnética: Pode substituir grande parte dos exames neurológicos, abdominais e pélvicos.

Ultrassonografia: Avaliação das vias biliares e urinárias, parede abdominal, trombose venosa e embolia arterial.

Medicina Nuclear: Estadiamento de algumas neoplasias, sangramento intestinal e tromboembolismo pulmonar.


Sobre as recomendações para o uso racional em procedimentos intervencionistas:


  • Priorizar pacientes de maior risco cardiovascular e casos de urgência e emergência;

  • minimizar o uso de contraste sem comprometer a qualidade de exame;

  • em casos de procedimentos terapêuticos que possam ser realizados utilizando-se a guia de um método adjunto, dar preferência àquele(s) que não utilize(m) contraste;

  • abreviar e racionalizar protocolos técnicos para reduzir a quantidade de contraste utilizado;

  • aumentar a diluição do contraste, quando possível;

  • considerar a utilização de contraste com CO2, quando possível; e

  • adequar a agenda de procedimentos eletivos de acordo com o estoque disponível e o histórico de utilização.

Em conclusão, considerando o grave risco de desabastecimento de meios de contraste imprescindíveis para a realização de exames e procedimentos no âmbito da saúde, solicitamos o apoio das mais diversas organizações desse setor, para que haja a sensibilização sobre a importância de se otimizar o uso desses insumos, considerando as recomendações aqui apresentadas, até que se normalize o fornecimento desses produtos.


Brasília-DF, 12 de julho de 2022


MAÍRA BATISTA BOTELHO

Secretaria de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde (SAES/MS)


SANDRA DE CASTRO BARROS

Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (SCTIE/MS)


VALDAIR FRANCISCO MUGLIA

Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR)


JOÃO FERNANDO MONTEIRO FERREIRA

Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)


RICARDO ALVES DA COSTA

Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI)


JOAQUIM MAURÍCIO DA MOTTA LEAL FILHO

Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular (SOBRICE)


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