O relato de vida e profissão de Celmo Celeno Porto, médico que presenciou a fundação da SBC
O relato de vida e profissão de Celmo Celeno Porto, médico que presenciou a fundação da SBC

30/05/2023, 10:18 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30

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Filho do também cardiologista, Calil Porto, Celmo acumula centenas

de publicações, muitos pacientes, participação em momentos

históricos e permanece em atividade

Foto do jantar comemorativo do término do 3º Curso de Cardiologia do Instituto de Cardiologia de São Paulo. Calil Porto é o quarto, da direita para esquerda, da foto superior.

Imagine ter estado presente na noite de fundação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e, oitenta anos depois, acumular títulos pela atuação, ainda presente e frequente, na cardiologia brasileira. Dessa forma se inicia a trajetória de Doutor Celmo Celeno Porto, Membro Honorário da Academia Nacional de Medicina desde 2017. Como ele mesmo diz, este foi “o ponto culminante de minha carreira de médico e professor”.

Aos 8 anos de idade, Celmo acompanhava seu pai, Calil Porto, em um jantar comemorativo do término do Curso de Cardiologia de Dante Pazzanese, o primeiro diretor do Instituto de Cardiologia do Estado de São Paulo.

Ele se lembra de estar sentado no braço da poltrona na qual estava seu pai, quando Pazzanese virou-se para ele e perguntou: “Você também vai ser cardiologista?”. À pergunta, Celmo respondeu rapidamente: “Sim!”. Hoje, diz não saber porquê, mas sua história comprova que não havia outro caminho.

“A Saga da família Porto estava começando naquela noite, com meu pai participando como um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Escrevi a história do iniciante desta saga no livro “Dr. Calil Porto – O menino e a Borboleta”, publicado no ano de comemoração do seu centenário, em 2008”, recorda Celmo.

O terceiro componente da “saga da família Porto na cardiologia brasileira”, como Celmo gosta de dizer, é o seu filho, Arnaldo Lemos Porto, que já contribuiu com o pai em algumas publicações.

Celmo realizou o mesmo curso que seu pai, com Pazzanese. Ele ingressou em 1959, recém-formado na Faculdade de Medicina, e cumpriu sua promessa ao pioneiro da cirurgia cardíaca do Brasil. Ele relembra: “Em um dos encontros com o Pazzanese, que participava pessoalmente de todas as nossas atividades, eu comentei com ele: ‘Dr. Dante, conforme lhe prometi, em 1942, aqui estou para me tornar cardiologista’. Ele se interessou pela história e, então, narrei nosso encontro naquele jantar de encerramento do 3º Curso de Cardiologia”.

Além do título da Academia Nacional de Medicina, muitos outros acompanham Celmo. Para citar alguns, professor Emérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG), especialista em Clínica Médica pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica e organizador e primeiro coordenador da Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado em Ciências da Saúde na UFG.

Testemunha viva da história da cardiologia brasileira, Celmo graduou-se em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1958. Durante o curso, que ainda não contava com o internato, buscou estágio na enfermaria da Santa Casa de Misericórdia da capital mineira, onde presenciou a instalação do Serviço de Hemodinâmica.

“Com uma mesa de exame adaptada pelo carpinteiro do Hospital foi instalado um aparelho de raios X de 30.000 amperes. Ali fizemos a primeira hemodinâmica de Minas Gerais, em uma adolescente de 15 anos. A paciente foi operada por André Esteves Lima, com cura total de cardiopatia congênita”, Celmo compartilha.

Após outras cirurgias realizadas com absoluto sucesso, foi convidado a realizar uma publicação na Revista da Associação Médica de Goiás. “Antes de me formar em Medicina fiz minha iniciação na cardiologia moderna”, diz.

Ele afirma que aprendeu a especialidade da Cardiologia através da análise e detalhamento de exames e cirurgias de pacientes que encaminhava, quando trabalhava na clínica de seu pai em Araguari, equipada com eletrocardiógrafo, aparelho de radioscopia e um pequeno laboratório.

“Eu mesmo fazia hemogramas, exame parasitológico de fezes e os exames bioquímicos básicos, principalmente dosagem de glicose e ureia, além da hemossedimentação. Além disso fazia Clínica Geral e Medicina do Trabalho no Hospital Ferroviário, o que pesou muito em minha ‘pós-graduação no mundo real’”.

Depois disso, tornou-se sócio da SBC, adquiriu os principais livros da especialidade e passou a frequentar reuniões e congressos de Cardiologia.

O título de especialista em Cardiologia veio alguns anos depois, a partir de uma análise de seu currículo, em 1972, quando trabalhava no Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFG como Professor Regente da Disciplina de Semiologia Médica.

“Naquela ocasião já havia publicado vários artigos: o primeiro foi ainda como estudante, publicado na revista da Associação Médica de Minas Gerais como colaborador do Professor Arnaldo Antônio Elian, relatando as atividades pioneiras em hemodinâmica e cirurgia cardíaca, no final da década de 50 do século passado, em Minas Gerais”, Celmo recorda.

Em 1963 defendeu sua tese de Doutorado na mesma instituição em que conquistou o diploma em Medicina na UFMG. Seu trabalho foi publicado nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia sob o título de "O Eletrocardiograma no Prognóstico da Doença de Chagas". Quanto a isso, orgulhoso e agradecido: “Graças à digitalização dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia este trabalho ainda é citado até hoje”.

Outro episódio relacionado à “Saga da Família Porto na Cardiologia Brasileira”, como relata Celmo, teve início em 1965, quando realizou o curso de Medicina Tropical na Faculdade de Medicina da USP.

“No intervalo de uma partida de boliche em Santo Amaro, fui convidado pelo Professor William Barbosa para fazer concurso para Professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás”, diz Celmo.

Depois disso, regeu a disciplina de Semiologia Médica por quarenta anos. Seus primeiros livros publicados, Exame Clínico e Semiologia Médica, foram escritos com base na experiência acumulada em sala de aula.

Com a experiência adquirida como Professor do Departamento de Clínica Médica, com várias atividades na área das doenças do coração, também organizou a obra Doenças do Coração com a participação de cardiologistas das principais Instituições do Brasil. A segunda edição do livro teve como coeditor seu filho, Arnaldo Lemos Porto.

Em 1988, juntamente com os Professores Joffre Marcondes de Rezende, Luiz Rassi, Georthon Philocreon e José Normanha Oliveira, Celmo também fundou a Academia Goiana de Medicina, da qual foi o primeiro presidente.

Mesmo em meio a tantas lembranças, faz questão de relatar uma específica, que se relaciona diretamente com os 80 anos da SBC: “Pelas minhas atividades no ensino de Cardiologia recebi muitas homenagens, mas quero ressaltar o Prêmio SBC de Destaque Docente que recebi em 2005, com uma inscrição que me enche de orgulho: ‘Professor Doutor Celmo Celeno Porto como reconhecimento pela extraordinária atuação e dedicação ao ensino da Cardiologia’”.

Celmo publicou dezenas de artigos científicos e centenas de capítulos de livros, proferiu dezenas de palestras em eventos da Sociedade Brasileira de Cardiologia, da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, da Associação Brasileira de Educação Médica, às quais inclui ainda palestras em centenas de eventos organizados por Ligas Acadêmicas e Centros Acadêmicos de inúmeras Escolas Médicas de todos os estados brasileiros.

“Por fim, devo dizer que não consegui ficar aposentado! Permaneço em atividade como escritor, palestrante e ‘Instagrammer’ (@professorcelmoporto), tendo como temas principais os Princípios da Medicina de Excelência. Aliás, quero dizer me sentir muito bem nesta mídia que é o habitat dos estudantes de todas as profissões da saúde e dos jovens profissionais em busca de um lugar ao sol”.

O cardiologista de longa data ainda faz questão de registrar, com orgulho, que participou dos 80 anos da SBC, desde a noite de sua fundação, até os dias de hoje.

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