O curso clínico da síndrome de Takotsubo diagnosticado de acordo com os critérios do InterTAK

23/03/2021, 00:00 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30

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  • Cláudio Tinoco Mesquita - Editor-chefe do International Journal of Cardiovascular Sciences

Referência: Int J Cardiovasc Sci 2020; 33 (6): 637-647

Autores: Nelson Henrique Fantin Fundão, Henrique Barbosa Ribeiro, Carlos de Magalhães Campos, Vinicius Bocchino Seleme, Alexandre de Matos Soeiro, Marcelo Luiz Campos Vieira, Wilson Mathias Jr, Ludhmilla Hajjar Abraão, Expedito E. Ribeiro, Roberto Kalil Filho

DOI: 10.36660 / ijcs.20190133

Fundamentação: Nos últimos anos, houve aumento no número de casos de síndrome de Takotsubo (STT) e de publicações científicas sobre o tema. No entanto, pouco se sabe sobre a situação dessa doença nos hospitais brasileiros.

Objetivo: Avaliar a mortalidade e os eventos adversos cardiovasculares maiores (MACE) durante a internação e acompanhamento de pacientes com STT atendidos em um hospital terciário no Brasil.

Métodos: Este foi um estudo retrospectivo e observacional em 48 pacientes. Dados clínicos, sinais e sintomas, exames complementares, MACE e mortalidade por todas as causas foram avaliados na admissão e durante o seguimento. As curvas de Kaplan-Meier foram usadas para análise de mortalidade por todas as causas e risco de MACE no acompanhamento médio. O intervalo de confiança de 95% também foi calculado para um nível de significância de 5%.

Resultados: A idade média dos pacientes foi de 71 anos (DP ± 13 anos), e a maioria dos pacientes era do sexo feminino (n = 41; 85,4%). Durante a internação, quatro pacientes (8,3%) morreram e cinco (10,4%) desenvolveram MACE. No acompanhamento médio de 354,5 dias (IQR de 81,5-896,5 dias), o risco de mortalidade por todas as causas e MACE foi de 11,1% (IC de 95% = 1,8-20,3%) e 12,7% (IC de 95% = 3,3-22,3 %), respectivamente.

Conclusão: A STT foi associada a altas taxas de morbimortalidade em hospital terciário no Brasil, comparáveis às observadas na síndrome coronariana aguda. Portanto, a gravidade da STT não deve ser subestimada, e novas estratégias terapêuticas são necessárias. Int J Cardiovasc Sci. 2020; [online] .ahead print, PP.0-0

Impacto Clínico: Esse estudo representa uma importante série de casos nacionais sobre a Sindrome de Takotsubo (STT), que é definida por uma anormalidade sistólica temporária e reversível da área apical do ventrículo esquerdo, semelhante a infarto do miocárdio (IM) na inexistência de doença arterial coronariana (DAC). Após um quarto de século da descrição inicial a STT ainda é pouco compreendida pelo cardiologista e frequentemente subdiagnosticada na prática clínica. Entre os mecanismos fisiopatológicos mais provavelmente relacionados ao desenvolvimento da STT destacam-se a produção aumentada de catecolaminas em decorrência de um estímulo de estresse físico ou mental. Esta ativação adrenérgica aumentada parece atuar na microvasculatura e no balanço do cálcio intracelular causando um prejuízo a função contrátil. Inicialmente a condição era considerada benigna pela sua reversibilidade da disfunção ventricular, entretanto dados mais recentes apontam para um prognóstico não tão favorável em alguns pacientes. Estudos recentes demonstraram que a STT desencadeada por fatores físicos apresenta maior mortalidade em curto e longo prazo. Outros fatores prognósticos adversos para mortalidade em longo prazo são: idade> 70 anos, diabetes mellitus, fração de ejeção do ventrículo esquerdo <30% e choque na admissão. A série apresentada neste artigo do International Journal of Cardiovascular Sciences por Fundão et al (Int J Cardiovasc Sci 2020; 33 (6): 637-647) demonstra que a condição precisa ser adequadamente diagnosticada e acompanhada pois está associada a mortalidade de 8% durante a internação e de 11% em um ano de acompanhamento com uma taxa de MACE de 12,7%, o que é compatível com as taxas observadas em pacientes com DAC. A STT é um mistério que vai sendo desvendado aos poucos, mas que se mostra mais importante e sério do que inicialmente pensado por muitos.

Referências:

  1. Uribarri A, Núñez-Gil IJ, Conty DA, Vedia O, Almendro-Delia M, Duran Cambra A, Martin-Garcia AC, Barrionuevo-Sánchez M, Martínez-Sellés M, Raposeiras-Roubín S, Guillén M, Garcia Acuña JM, Matute-Blanco L, Linares Vicente JA, Sánchez Grande Flecha A, Andrés M, Pérez-Castellanos A, Lopez-Pais J; RETAKO Investigators. Short- and Long-Term Prognosis of Patients With Takotsubo Syndrome Based on Different Triggers: Importance of the Physical Nature. J Am Heart Assoc. 2019 Dec 17;8(24):e013701. doi: 10.1161/JAHA.119.013701. Epub 2019 Dec 13. PMID: 31830875; PMCID: PMC6951081.
  2. Amin HZ, Amin LZ, Pradipta A. Takotsubo Cardiomyopathy: A Brief Review. J Med Life. 2020 Jan-Mar;13(1):3-7. doi: 10.25122/jml-2018-0067. PMID: 32341693; PMCID: PMC7175432.
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