Nova diretriz de hipertensão arterial traz mudanças no diagnóstico e tratamento
Nova diretriz de hipertensão arterial traz mudanças no diagnóstico e tratamento

08/12/2020, 16:40 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30

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Documento foi apresentado no 75º Congresso Brasileiro de Cardiologia digital, promovido pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, em novembro

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) lançou, no último dia do seu 75º Congresso Brasileiro de Cardiologia – CBC (22/11), que excepcionalmente este ano foi digital, a Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial (DBHA) 2020, que traz avanços no contexto do diagnóstico, avaliação clínica, estratificação, tratamento e controle da doença hipertensiva nos seus diversos cenários.

A nova DBHA foi feita pela SBC, por meio do seu Departamento de Hipertensão Arterial (DHA), em parceria com as Sociedades Brasileiras de Hipertensão e Nefrologia. O resultado desse esforço conjunto e da colaboração de mais de 90 experts em hipertensão arterial é um documento robusto, com 18 capítulos, rico em atualizações sobre o tema. A sétima e última edição da Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial foi publicada em 2016.

Uma das mudanças trazidas pelo novo documento trata dos valores de referência para a detecção da doença pela Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA), aquela feita pelo paciente em sua residência, que passa a considerar hipertensão arterial quando a pressão está igual ou maior que 130 milímetros de mercúrio (mmHg) por 80 mmHg. Antes a classificação como hipertenso dava-se quando as medidas ficavam igual ou maior que 135 mmHg x 85 mmHg pela MRPA. Para as medições em consultório, os valores de referência para hipertensão continuam sendo de 140 mmHg x 90 mmHg.

Segundo o coordenador da DBHA 2020, Weimar Kunz Sebba Barroso de Souza, essa mudança em relação à definição trazida pela edição anterior da diretriz deve-se às alterações no perfil epidemiológico da população brasileira e às evidências científicas. “As novas medidas de referência estão baseadas em publicações e estudos científicos que avaliaram os valores de detecção da pressão arterial e concluíram que o diagnóstico de hipertensão baseado nas medidas domiciliares deveria tomar como referência valores um pouco mais baixos do que os que eram considerados anteriormente”, explica.

A classificação para pré-hipertensão também muda com a nova diretriz, sendo definida por uma pressão sistólica entre 130 e 139 mmHg e/ou diastólica entre 85 e 89 mmHg, para medida de consultório. A pressão normal ótima é a que registra números abaixo de 120 mmHg x 80 mmHg. A faixa entre 120 e 129 mmHg e 80 e 84 mmHg é considerada normal, mas não ótima e deve ser acompanhada.

“Essas faixas servem para chamar a atenção para a adoção de medidas preventivas que evitem as complicações da hipertensão arterial sustentada, em especial no contexto clínico de outras doenças cardiovasculares e do diabetes”, esclarece Andréa Araujo Brandão, uma das autoras da DBHA 2020 e diretora de Departamentos Especializados da SBC.

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é a uma doença crônica prevalente e tem forte relação com a ocorrência de doença cardiovascular, e é a principal causa de morte no Brasil e no mundo. No país, morrem cerca 350 mil pessoas em consequência de doenças cardiovasculares e a maioria tem como uma das causas a HAS, que é responsável por 80% dos casos de acidente vascular cerebral (AVC) e também se mostra um agravante em quadros de infarte, aneurisma arterial e até insuficiência renal. A estimativa é que cerca de 25% da população brasileira adulta, algo entre 35 milhões e 40 milhões de pessoas, seja hipertensa, segundo dados de 2019 do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde.

Outra mudança trazida pela DBHA 2020 é em relação às orientações de tratamento. A nova diretriz propõe que a combinação de fármacos seja a estratégia preferencial para a maioria dos hipertensos. Aplica-se aos pacientes a partir do estágio 2 da doença hipertensiva, quando as medidas registradas são maiores ou iguais a 160 x 100 mmHg, e para os em estágio 1 (pressão arterial entre 140 e 159 mmHg e 90 e 99 mmHg), mas com risco cardiovascular moderado ou alto. “A hipertensão é uma patologia multifatorial. O tratamento com medicamentos com ações distintas facilita o seu controle, pois eles agem em locais diferentes do organismo e proporcionam resultado melhor na redução da HAS”, destaca Andréa.

Para pacientes em estágio 1 da doença, mas com risco baixo, a recomendação é iniciar o tratamento com monoterapia. Isso vale também para os muito idosos, ou com fragilidades, que devem receber apenas um tipo medicamento por uma questão de segurança do paciente, para que a redução da pressão aconteça de forma mais lenta e gradual, e ocorra a adaptação aos novos níveis de pressão.

Entre as novidades do novo documento está também um capítulo que discute o aumento da pressão arterial e o dano vascular relacionado a essa elevação, mesmo nas fases iniciais desse processo quando o paciente ainda não é hipertenso. “Esta novidade está muito alinhada com o que vem sendo destacado por sociedades científicas no Brasil e no mundo. Às vezes, pequenas elevações na pressão arterial incorrem no aumento do dano vascular e a avaliação precoce da presença desses danos, através de métodos não invasivos, chama a atenção para os cuidados com esse paciente, evitando, assim, a evolução rápida de problemas cardiovasculares”, explica Andréa Brandão.

O 75º Congresso Brasileiro de Cardiologia, onde ocorreu o lançamento da Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial (DBHA) 2020, foi on-line, de 20 a 22 de novembro, e, mais uma vez, foi o maior encontro da cardiologia brasileira e latino-americana do ano.

A programação contou com simpósios internacionais, atividades de atualização nas diversas áreas da cardiologia, participação dos departamentos, espaço com destaque para os principais temas livres orais, conversas com especialistas, highlights, principais diretrizes e os mais importantes estudos apresentados no ano. Foram três dias intensos de discussões e apresentações, com palestrantes nacionais e internacionais com experiência comprovada em seus respectivos tópicos, o que promete ser um momento de atualização científica e profissional, e de união para todos esses especialistas do país.

As atividades on demand foram uma das novidades. Ao longo do evento foram liberados mais de 250 tópicos abrangendo imprescindíveis temáticas da cardiologia e áreas afins.

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