Mulheres com pré-eclâmpsia têm risco cardiovascular aumentado em 15 anos

14/08/2020, 18:26 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30

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  • Marianna Andrade Coordenadora do Serviço de Cardiologia do Hospital da Bahia

Fundamentação: A pré-eclampsia (PE) é uma doença hipertensiva da gestação, de etiologia multifatorial, associada a complicações materno-fetais em curto e em longo prazo. As mulheres primíparas têm maior risco de desenvolver PE.

Metodologia: O presente estudo foi uma análise observacional retrospectiva, caso-controle, de mulheres primíparas que desenvolveram PE. Foram incluídas informações de 2 grandes bancos de dados (New Jersey Eletronic Birth Certificate database - EBC e o Myocardial Infaction Data Acquisition System - MIDAS), entre 1999 e 2013. Os casos foram definidos como primíparas (primeira gravidez e primeiro parto) como diagnóstico de PE e os controles com mulheres primíparas (primeira gravidez e primeiro parto) sem PE, eclâmpsia ou hipertensão gestacional. O objetivo principal foi comparar a incidência de infarto agudo do miocárdio (IAM), acidente vascular cerebral (AVC), morte cardiovascular (CV) e morte por todas as causas no período de 15 anos.

Principais Resultados: Foram incluídos 6.360 casos e 325.347 controles. A idade média foi de 26,78 (± 5,99) nos casos e de 27,08 (± 5,56) nos controles e o tempo médio de seguimento foi de 8,49 anos. Comorbidades como convulsão, anemia, cardiopatia, pneumopatia, hipertensão crônica, doença renal e diabetes foram mais frequentes nos casos, com diferença estatisticamente significativa. As maiores diferenças absolutas foram na prevalência de diabetes e hipertensão crônica que foram relacionadas à incidência de IAM e AVC. Após ajuste pareado (1 caso para cada 3 controles baseado em idade, ano de nascimento do bebê, raça, etnia e escore de propensão), a PE permaneceu como fator independente para a ocorrência de IAM (HR 3,94, p 0,0196), morte CV (HR 4,66, p 0,007), morte por todas as causas (HR 2,32, p 0,0026), mas não para AVC (HR 1,81, p 0,187).

Conclusão: O estudo demonstra que mulheres jovens primíparas com PE têm maior prevalência de comorbidades e um risco significativamente aumentado de eventos cardiovasculares maiores (IAM, morte CV e morte por todas as causas) nesse curto intervalo de tempo de 15 anos (médio de 8,4 anos).

Impacto Clínico: Apesar das limitações inerentes a metodologia (observacional, retrospectivo), a inclusão consecutiva de todas pacientes que preenchiam os critérios de inclusão e grande número de pacientes incluídos tornam esse estudo relevante. Em virtude da demonstração da associação do diagnóstico de PE em primíparas e o aumento substancial do risco CV em curto intervalo de tempo, o seguimento cardiológico após o parto dessas pacientes parece ser justificado. A identificação precoce de fatores de risco modificáveis e a intervenção sobre os mesmos podem impactar na redução desses desfechos. Estudos clínicos prospectivos precisam ser realizados para determinar o efeito dessas intervenções nessa população de maior risco CV.

Referência Bibliográfica:

  1. Gastrich MD, Zinonos S, Bachmann G, et al. Preeclamptic Women Are at Significantly Higher Risk of Future Cardiovascular Outcomes Over a 15-Year Period. J Womens Health (Larchmt). 2020;29(1):74-83. doi:10.1089/jwh.2019.7671
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