Humanização da medicina é voltar os olhos para o paciente com empatia e não para a doença
Humanização da medicina é voltar os olhos para o paciente com empatia e não para a doença

25/11/2020, 17:17 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30

Para Fausto Pinto, presidente eleito da WHF e convidado de honra do 75º CBC, a tecnologia pode ajudar a colocar o doente no centro do cuidado

O exercício da medicina deve contar com uma boa relação médico-paciente, com fundamentos éticos centrados em princípios como atenção e compaixão, além da solidariedade humana, uma missão cuja tarefa de confortar, escutar e olhar o paciente é fundamental.

A empatia é um dos componentes importantes desse relacionamento, na opinião do presidente eleito da World Heart Federation (WHF) e reitor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Fausto Pinto, que fez a conferência inaugural do 75º Congresso Brasileiro de Cardiologia (CBC), promovido pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), entre os dias 20 e 22 de novembro, excepcionalmente em formato digital.

“O médico tem de ser visto como um guardião da saúde e da vida, usando seus conhecimentos para que se cumpra o princípio da profissão, que é trazer benefícios ao paciente restaurando sua vida sem prejudicá-lo. Para isso, é fundamental o envolvimento e a interação do profissional da medicina com o doente para, em conjunto, articularem uma estratégia que faça com que o tratamento dê certo”, explicou o professor na durante a palestra “Humanismo e Medicina”.

Ele lembrou que a beneficência médica se manteve firme e incontestável como a melhor relação médico-paciente durante muitos anos e que foi o Humanismo, advindo do Renascimento – movimento surgido na Europa entre os séculos XIV e XVI, que trouxe o homem para o centro de todo as coisas –, que fez com que o ser humano passasse a ser valorizado. Processo que também chegou à medicina.

“Hoje em dia, é cada vez mais relevante que nós, médicos, tenhamos a capacidade de interagir com os nossos pacientes, ouvi-los e compreendê-los como estratégia articulada para estabelecer as ações e as decisões em conjunto até para potencializar a terapêutica instituída. Essa prática na cardiologia e na medicina moderna é cada vez mais relevante”, afirmou.

A introdução do humanismo já na faculdade de medicina é defendida pelo professor Fausto, que acredita que os elementos humanísticos na abordagem médica como uma disciplina ajudarão na qualificação da interação com o paciente, na ampliação da compreensão, a fim de que o profissional possa expandir o significado de ser humano, percebendo e compreendendo a si mesmo e ao outro como sujeitos.

A pandemia da Covid-19, na visão do presidente eleito da WHF, veio para reforçar a importância da humanização na medicina e que depois do novo coronavírus os médicos nunca mais serão os mesmos. Professor Fausto citou a Osler’s Alliance, organização cuja missão é resgatar o que é “mais sagrado na medicina: a relação médico-paciente”, ao dizer que a empatia, a compaixão e o apoio são elementos essenciais no exercício da profissão.

“Neste momento difícil, restabelecer a importância do relacionamento afetuoso nos cuidados à saúde tem mostrado a melhoraria na satisfação do paciente, seu bem-estar e promovido a redução da dor, da ansiedade. Essa confiança é fundamental durante o tratamento de qualquer doença. Não podemos deixar nunca que o humanismo desapareça”, destacou.

Tecnologia a serviço da saúde

O desenvolvimento da tecnologia no setor de saúde não se restringe mais aos avançados equipamentos utilizados para auxiliar ou confirmar um diagnóstico, ou aos medicamentos revolucionários que melhoram os tratamentos. Com o avanço dos meios de comunicação, o contato entre médico e paciente ou entre os profissionais de saúde ficou mais prático.

A internet ampliou a relação e a troca de informações e a telemedicina está mudando a forma de atendimento, além de alcançar também a população que não tem acesso a médicos ou a unidades de saúde.

Para o professor Fausto Pinto, isso foi evidenciado com a pandemia do novo coronavírus em que as transmissões remotas e o teleatendimento levaram o profissional de medicina até as pessoas, proporcionando o cuidado sem comprometer a relação médico-paciente.

“Apesar de muitos pregarem que a tecnologia vai contra a humanização da medicina, o que observamos é que quando bem utilizada e direcionada é um suporte para métodos mais resolutivos. Além de tratamentos e exames, ela pode ajudar na prevenção das doenças. Quando bem usada, a tecnologia melhora a vida das pessoas”, destacou.

O presidente eleito da WHF ainda comentou o que ele chamou de mandamentos que devem nortear a medicina com foco no humanismo: nunca fazer com que os que cuidamos se sintam como objetos; oferecer uma escolha possível e liberdade aos pacientes; conhecer os enfermos e seus contextos para construir relações de confiança e perceber o que é importante para eles; explicar o que está acontecendo e assegurar que pacientes e famílias percebam bem a sua situação naquele contexto.

Quando os pacientes estão em situações pouco familiares e suas vidas foram interrompidas, é necessário reconhecer e valorizar suas preocupações e ajudá-los a se adaptar; ambientes de saúde podem ser assustadores e deprimentes e, por isso, é preciso fazer o melhor para mitigar e diminuir a sensação de afastamento; e que cada pessoa é única e deve ser tratada com respeito e dignidade.

“A humanização na medicina contribui para a qualidade de vida das pessoas. O resultado é o desenvolvimento de um ciclo positivo de cuidado, com sólidas relações de confiança e satisfação”, finalizou o professor Fausto Pinto.

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