Doença renal crônica aumenta risco de doenças cardiovasculares
Doença renal crônica aumenta risco de doenças cardiovasculares

08/03/2022, 08:57 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30

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Estudos mostram a relação entre a doença renal crônica e a função cardíaca, por isso é fundamental que os médicos se atentem à relação albumina/creatinina

Neste Dia Mundial do Rim (10 de março), a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) chama a atenção para a relação entre este órgão e o coração. Sabe-se hoje que os vários sistemas do organismo conversam entre si, seja para o bem, seja para o mal. É assim no eixo cadiorrenal: o rim, quando fica doente, afeta a função cardíaca. Por isso, é importante que os médicos tenham em mente que os pacientes renais necessitam de uma abordagem multiprofissional.

Dados recentes mostram que a partir de uma filtração renal abaixo de 60 ml/min, a mortalidade por todas as causas e a mortalidade cardiovascular aumentam proporcionalmente à queda da filtração glomerular. Também, o aparecimento de uma proteína na urina chamada albumina se relaciona com o aumento na mortalidade cardiovascular.

A relação doença renal e doença cardiovascular está pautada no fato de que essas duas doenças se estabelecem diante dos mesmos fatores de risco. Hoje em dia, no Brasil, as principais causas de perda de função renal na população são a hipertensão arterial e o diabetes, também considerados importantes fatores de risco para as doenças cardiovasculares, principalmente em idosos.

“Por outro lado, na doença renal crônica, as alterações metabólicas e hidroeletrolíticas favorecem o aparecimento de comprometimento cardiovascular. Nesse sentido, cita-se como exemplo a hipervolemia, o excesso de potássio e o excesso de cálcio, que acaba sendo depositado na parede dos vasos, dentre outros”, explica Celso Amodeo, cardiologista e nefrologista, membro do Conselho Administrativo da SBC.

Estudos de coorte em comunidade nos Estados Unidos indicam que a presença de doença renal crônica (DRC) aumenta em até 16 vezes o risco de insuficiência cardíaca, doença coronariana e, expressivamente, o risco de acidente vascular cerebral.

Outro aspecto importante dessa relação entre doença renal e doença cardiovascular está no fato de que na insuficiência renal existe retenção de uma série de substâncias que vão interferir com a flora intestinal. Essa flora intestinal modificada favorece o aumento da atividade inflamatória. “É muito bem estabelecida hoje a relação entre atividade inflamatória e doenças do aparelho cardiovascular”, destaca Amodeo.

No acompanhamento desses pacientes, é muito importante as orientações de mudança do estilo de vida, do ponto de vista nutricional (dieta com baixo teor de proteína e sal), atividade física (pelo menos caminhadas de 40 min 3-5 vezes por semana), comportamental (controle do estresse e quadros de depressão), manutenção de uma qualidade de sono satisfatória e o seguimento correto das orientações médicas terapêuticas medicamentosas.

Em relação aos medicamentos, é importante informar que classes de medicamentos como os inibidores da enzima de conversação e os bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina II são de primeira escolha nos pacientes com insuficiência cardíaca e renal quando não existir contraindicação para o uso dessas classes de fármacos.

Mais recentemente, duas novas classes surgiram com potenciais benefícios na prevenção e no tratamento dessas doenças cardiorrenais; são os agonistas do GLP1 e os inibidores da SGLT2.

Evidências em estudos clínicos randomizados e controlados mostraram que essas classes de medicamentos adicionam proteção cardiovascular além dos efeitos sobre o metabolismo da glicose.

Por outro lado, sempre é importante frisar o cuidado no uso de medicamentos potencialmente nefrotóxicos nesses pacientes, tais como os anti-inflamatórios, alguns antibióticos com potenciais danos renais (sulfas e aminoglicosídeos) e os contrastes iodados em exames específicos (cateterismo e tomografias em geral com uso desses contrastes).

Mensagem importante aos cardiologistas no Dia Mundial do Rim é saber que muitas das doenças renais evoluem durante muito tempo de uma forma assintomática com ou sem doença cardiovascular associada. Diante disso, há necessidade de periodicamente avaliar os pacientes clinicamente (história clínica, exame físico) e laboratorialmente (função renal com uréia, K, creatinina, estimativa da taxa de filtração glomerular e seguimento da relação albumina/creatinina).

“Dessa forma, será possível detectar mais precocemente a doença renal com possibilidade de reversão ou diminuição na velocidade de perda da função renal nos pacientes com ou sem doença cardiovascular estabelecida”, finaliza Amodeo.

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