Controle de doenças cardiovasculares pode evitar morte por insuficiência cardíaca durante pandemia
Controle de doenças cardiovasculares pode evitar morte por insuficiência cardíaca durante pandemia

22/07/2020, 13:58 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30

SBC acredita que pesquisa da Fapesp pode auxiliar na identificação de tratamentos precoces para evitar a evolução desfavorável da infecção

Cuidar da saúde sempre foi importante inclusive para as pessoas portadoras de doenças cardiovasculares. Com a pandemia do novo coronavírus, seguir corretamente os tratamentos médicos e manter sob controle a pressão arterial, o diabetes, o peso é ainda mais importante e pode salvar vidas.

Um projeto de pesquisa realizado com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) apontou que alguns pacientes com o novo coronavírus atendidos em São Paulo morreram, principalmente, em decorrência de insuficiência cardíaca e não de insuficiência pulmonar. As conclusões foram obtidas após autópsias realizadas nos últimos quatro meses em cerca de 70 pessoas que morreram de Covid-19 no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Agora os pesquisadores dedicam-se a tentar desvendar qual o mecanismo de ação do SARS-CoV-2 que provoca, além de lesões epiteliais em praticamente todos os órgãos, alterações na micro e macrocirculação.

Para o diretor científico da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Fernando Bacal, a insuficiência cardíaca por si só já é uma doença que se relaciona com alta morbidade e mortalidade. Quando decorrente da Covid-19, com arritmia e falência do coração, pode levar a disfunção de outros órgãos, inclusive a eventos súbitos. “A infecção pelo novo coronavírus pode afetar o coração pelo aspecto do vírus entrando na célula. Em músculo cardíaco já doente, pode descompensar ou levar a uma instabilização de uma doença previamente”, alerta.

Por isso, é tão importante tratar as doenças de base e manter elas bem controladas. “Sabemos que pacientes que têm fatores de riscos para ter a forma grave da Covid-19 são os hipertensos não controlados, os diabéticos, os obesos, os que têm previamente doenças coronarianas ou doença cerebrovascular, os imunossuprimidos, os que estão em tratamento de câncer, em diálise, os asmáticos e os pacientes com doenças pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

Esses indivíduos são mais suscetíveis a ter as complicações e casos graves da infecção pelo novo coronavírus, inclusive de ir para a UTI. Se a pessoa tem uma doença cardíaca prévia e tem Covid-19 numa forma mais grave, o coração pode entrar em instabilidade e se tornar um paciente de maior risco para insuficiência cardíaca”, explica Bacal.

Meio bilhão de pessoas no mundo e 14 milhões no Brasil são acometidas por doenças cardiovasculares. O problema é grave porque essas doenças são responsáveis por mais de 30% das mortes no país. São mais de 300 mil óbitos todos os anos no Brasil. No cardiopata, a infecção por SARS-CoV-2 tem taxa de letalidade de até 10,5% nos portadores de comorbidades associadas a essas doenças. É um problema de saúde pública agora agravado pela pandemia da Covid-19.

Os pacientes mais idosos, têm mais comorbidades, como hipertensão, diabetes ou doença coronariana, por isso são mais vulneráveis e quando acometidos pelo novo coronavírus, têm risco de morte de três a quatro vezes maior quando comparado a outros pacientes e a população em geral, pois a mortalidade pela Covid-19 decorre, principalmente, de complicações respiratórias, infecciosas e cardiovasculares.

Dentre as complicações cardiovasculares, chama a atenção a elevada incidência de arritmias cardíacas, as quais podem ocorrer em 15% a 20% dos pacientes. As síndromes isquêmicas agudas ocorrem em aproximadamente 8% dos infectados. A miocardite (inflamação aguda do músculo cardíaco) afeta entre 5% e 10% dos pacientes.

Diante deste cenário, segundo o diretor científico da SBC, a pesquisa da Fapesp mostra-se muito relevante, pois pode auxiliar na identificação de tratamentos precoces para evitar a evolução desfavorável da infecção. “É um estudo muito importante porque faz uma correlação anatomoclínica da autópsia para entender por que esses pacientes com Covid-19 tem uma evolução desfavorável. Entender o mecanismo pelo qual os pacientes evoluem a óbitos nos faz abrir o espectro de avaliação da busca mais precoce das potenciais complicações, identificar os pacientes de risco, iniciar o tratamento precocemente e mudar a história evolutiva desses pacientes que evoluem piora cardiovascular”, acredita Bacal.

O cardiologista ressalta que é muito importante que os pacientes cardiopatas tomem todos os cuidados para evitar a infecção pelo novo coronavírus, já que a letalidade da Covid-19 é maior quando há essa comorbidade. Além disso, eles jamais devem abandonar seus tratamentos, mantendo o uso regular de seus medicamentos conforme prescrição médica e fazendo mudanças apenas com orientação, uma vez que a suspensão abrupta dos esquemas terapêuticos em uso pode causar instabilidade clínica e desfechos adversos. É a hora, também, de todos se atentarem para a prevenção, adotando uma alimentação balanceada, eliminando o tabagismo e reduzindo o sedentarismo.

Os pacientes cardíacos são portadores de doenças crônicas e se, porventura, contrair a infecção pelo novo coronavírus, também devem continuar tomando os medicamentos que utilizam para o tratamento da doença cardíaca. Só deve fazer modificação com orientação do seu médico.

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