ANS inclui tratamento para estenose aórtica no rol de procedimentos obrigatórios dos planos de saúde
ANS inclui tratamento para estenose aórtica no rol de procedimentos obrigatórios dos planos de saúde

05/03/2021, 10:45 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30

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Entre as novas coberturas está o Implante por Cateter de Bioprótese Valvar Aórtica (TAVI), alternativa indicada aos pacientes com estreitamento da válvula aórtica considerados inoperáveis

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou, em fevereiro, a Resolução Normativa (RN) 465/21, que atualiza o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde. Com isso, foram definidos os novos exames e tratamentos que passam a integrar a relação obrigatória dos planos de saúde. São 69 novas coberturas, além de outras alterações, que ampliam e qualificam a assistência aos beneficiários, entre elas está o Implante por Cateter de Bioprótese Valvar Aórtica (TAVI).

A sigla, em inglês, corresponde a Transcatheter Aortic Valve Implantation, e é indicado como tratamento de escolha aos pacientes portadores de estenose aórtica considerados inoperáveis e constitui uma estratégia alternativa para os pacientes com comorbidades de alto risco cirúrgico, com objetivo de minimizar a mortalidade e a morbidade associada ao perfil desses indivíduos.

“O novo Rol de Procedimentos é fruto de diversas inovações em termos de processo de trabalho e de conteúdo. A qualidade das discussões técnicas realizadas, a ampliação da participação da sociedade, a transparência dada a todo o processo e o conjunto robusto de elementos analisados para definição dos procedimentos incorporados qualificou a tomada de decisão por parte da Diretoria Colegiada da ANS e permitiu ganhos importantes para a sociedade”, avaliou o diretor-presidente substituto da ANS, Rogério Scarabel.

De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Marcelo Queiroga, a conquista de direitos para os idosos é árdua, apesar da avançada legislação brasileira. Durante uma década defendeu-se a introdução de TAVI na saúde do País e a inclusão no Rol de Coberturas obrigatórias da ANS equivale a primeira etapa vencida, um primeiro passo, para um caminho que ainda tem muito para progredir.

“Vivemos uma transição demográfica no Brasil e a cada dia é maior o número de indivíduos idosos. A estenose aórtica é uma doença que afeta um em cada 20 indivíduos acima de 75 anos e o tratamento se dá com a substituição da válvula aórtica, que é a porta de saída do coração, estreitada por uma bioprótese. Habitualmente esse tratamento é feito por intermédio de uma cirurgia de peito aberto. Desde 2002, e aqui no Brasil em 2008, foi provida uma possibilidade de substituir essa válvula por técnicas de cateterismo – o TAVI. Ocorre, que esse tratamento tem um custo mais elevado e por conta disso há dificuldade de os sistemas de saúde, de uma maneira geral, absorverem esse custo”, explica Queiroga.

Em dez anos, a comunidade cardiológica realizou uma série de esforços para que o TAVI fosse ofertado à sociedade, seja no Rol da saúde suplementar, seja dentro das políticas públicas do Sistema Único de Saúde (SUS).

Para o presidente da SBC, a inclusão, ainda que demorada pela ANS, destinada a um grupo de pacientes de maior risco, já é uma vitória para os idosos brasileiros, que não terão a necessidade, muitas vezes, de ingressar no poder judiciário para que o TAVI seja realizado. Trata-se de uma importante medida que traz cidadania aos idosos do Brasil.

ESTENOSE AÓRTICA DEGENERATIVA

O coração tem quatro válvulas que ajudam no impulsionamento do sangue, uma delas é a válvula aórtica, que separa o ventrículo esquerdo da aorta. Sua função é controlar a passagem do sangue, abrindo e fechando, impedindo que ele retorne ao coração após cada contração.

Quando alguém está com estenose aórtica, ocorre um estreitamento que diminui a abertura da válvula dificultando a passagem do sangue, assim a quantidade de sangue oxigenado bombeado para o organismo fica insuficiente, podendo causar diversos sintomas como cansaço, dor no peito, sensação de fadiga, tonturas e até desmaios. As pessoas com mais de 75 anos são, geralmente, as mais afetadas por essa doença.

A estenose aórtica pode ser tratada através de uma cirurgia, onde no tratamento tradicional é necessário abrir o peito do paciente para fazer a troca da válvula aórtica. Contudo, existem novas possibilidades para uma pessoa de idade avançada, que diminuem bastante o risco cirúrgico.

Uma alternativa que pode ser avaliada, é o TAVI, procedimento realizado por meio de um cateter. Com ele, a válvula chega ao coração e lá tem o seu tamanho expandido, ficando no formato necessário para o funcionamento adequado.

TAVI

O principal objetivo do TAVI é restaurar a função valvar aórtica por meio de técnicas minimamente invasivas, evitando, assim, a anestesia geral e os procedimentos cirúrgicos tradicionais, como a esternotomia mediana, o pinçamento aórtico e a circulação extracorpórea. No Brasil, o TAVI foi introduzido em 2008 e, desde então, vem sendo realizado em diferentes hospitais da rede de saúde suplementar e pública.

Diversas entidades internacionais recomendam e aprovam o uso de TAVI para a estenose aórtica em pacientes inoperáveis, como o National Institute for Health and Clinical Excellence (NICE) britânico, o Health Quality Ontario e o National Health Committee, da Nova Zelândia. No Brasil, tanto a SBC quanto a Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI) e à Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular recomendam o TAVI para o grupo de pacientes considerados inoperáveis e de alto risco cirúrgico, conforme diretriz brasileira de valvopatias recentemente publicada no ABC Cardiol.

O TAVI é apontado como uma técnica versátil, que permite várias vias de acesso, devendo a escolha ser individualizada de acordo com a anatomia de cada paciente e dos dispositivos disponíveis. Os principais métodos de inserção são a técnica da artéria femoral, que inclui a inserção transfemoral (TF); a técnica da artéria ilíaca pela inserção transapical (TAp); a técnica da artéria subclávia/axilar pela inserção transubclávia (TS); a técnica pela inserção transcarotídea (TC); e a técnica pela inserção transaórtica (TAo).

Por ser uma técnica menos invasiva e totalmente percutânea, a via TF tem sido considerada a abordagem de escolha na maioria dos centros, mas tanto as características inadequadas dos vasos iliofemurais quanto as doenças vasculares periféricas impedem a sua colocação em alguns pacientes, indicando a necessidade de abordagens alternativas, como as vias TAp, TAo e TS.

A Resolução Normativa que estabelece a nova lista de coberturas da ANS entrará em vigor no dia 1º de abril de 2021. Esse tempo é necessário para que as operadoras de planos de saúde se adequem à norma. O Rol de Procedimentos é válido para os beneficiários de planos de saúde contratados a partir de 2 de janeiro de 1999, os chamados planos novos, e para os usuários de planos contratados antes dessa data, mas que foram adaptados à Lei dos planos de saúde.

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