Inatividade durante pandemia agrava fatores de risco para doenças cardiovasculares na adolescência
Inatividade durante pandemia agrava fatores de risco para doenças cardiovasculares na adolescência

17/09/2021, 13:41 • Atualizado em 21/12/2023, 17:30

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Em alusão ao Dia do Adolescente, comemorado em 21 de setembro, SBC chama a atenção para os cuidados à saúde nesta faixa etária

O sobrepeso e a obesidade em crianças e adolescentes são uma grande preocupação, pois podem acarretar vários problemas de saúde, incluindo cardiológicos. Nas últimas duas décadas, a proporção aumentou sobremaneira em vários países. Durante a pandemia, então, os fatores de risco aumentaram e as consequências disso só serão sentidas daqui a alguns anos.

Para ressaltar a importância do desenvolvimento de estratégias que lidem com essa questão, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) aproveita o Dia do Adolescente, comemorado em 21 de setembro, e chama a atenção para os cuidados à saúde nesta faixa etária.

A adolescência é caracterizada por mudanças significativas na composição corporal, especialmente durante a puberdade. Segundo o artigo “Prevenção da Doença Cardiovascular na Adolescência: Novos Horizontes”, de Mariana Xavier e Silva, publicado no ABC Cardiol (Arquivos Brasileiros de Cardiologia da SBC), o acompanhamento e o monitoramento são fundamentais, visto que peso, gordura corporal e massa magra são características preditivas na vida adulta do desenvolvimento de fatores de risco cardiovasculares.

“Essa faixa etária, dentro desse panorama, apresenta risco cinco vezes maior de adiposidade excessiva no futuro, tornando-se um marcador de risco cardiometabólico aumentado”, ressalta a autora do artigo.

Segundo Ivan Romero Rivera, diretor científico do Departamento de Cardiopatias Congênitas e Cardiologia Pediátrica da SBC, estudos indicam que a inatividade física leva ao aumento do sobrepeso e à obesidade, os principais fatores de risco de doenças cardiovasculares nessa faixa etária. “Além disso, adolescentes com sobrepeso têm maior tendência a ter hipertensão arterial, aumento do colesterol, gordura no fígado e diabetes mellitus tipo 2”, alerta.

Metade das crianças e adolescentes com nível elevado de lipídios no sangue mantém essa condição na fase adulta, por isso é preciso intervir logo no início de sua vida para tentar mudar o futuro.

Vale lembrar que a obesidade e o sobrepeso podem criar uma sensação de ansiedade no adolescente e até mesmo depressão em alguns casos, o que o incentiva a comer muito mais. Aqui entra a necessidade de um tratamento multidisciplinar, que envolva também nutricionistas e psicólogos, entre outros profissionais de saúde.

Outro fator de risco é o tabagismo, mesmo com a expressiva queda no percentual de fumantes no Brasil, de acordo com dados do Inca – Instituto Nacional de Câncer. “Um amigo que fuma incentiva outros a experimentarem também. É difícil intervir. E tem o problema do consumo dos cigarros eletrônicos, pois não se sabe as consequências em longo prazo do uso dessas substâncias”, lembra Rivera.

Sobre diferenças entre gêneros, o cardiologista explica que as meninas praticam menos exercícios físicos que os meninos e, quando o fazem, é de forma menos intensa. A recomendação para a faixa dos 5 aos 17 anos é de 60 minutos de atividades físicas por dia, com exercícios musculares (mais intensos) três vezes por semana.

Por outro lado, as meninas fumam e bebem menos que os meninos. Elas também tendem a se cuidar mais, por exemplo, aceitam realizar dietas mais facilmente.

A chegada da pandemia

O uso do smartphone para praticamente tudo, de relacionamentos a jogos virtuais, já vinha reduzindo a mobilidade das pessoas, mas essa condição se agravou durante a pandemia. “Só constataremos as consequências daqui a um tempo, quando for possível computar os resultados do que aconteceu com essas crianças e adolescentes que ficaram em casa e não correndo e brincando na escola ou praticando atividade física”, ressalta Rivera.

Outro reflexo da pandemia é a ansiedade, não só em crianças e adolescentes, mas também nos pais. É muito comum os adultos chegarem ao consultório com taquicardia ou palpitações, o que tem se tornado mais frequente também em crianças e adolescentes.

Por outro lado, a pandemia também colaborou para o crescimento das teleconsultas, o que facilitou a busca pela resolução de problemas de saúde. No entanto, Rivera alerta que é importante fazer a primeira consulta presencial para poder examinar e conversar com o paciente.

Desafios

O maior desafio para a prevenção das doenças cardiovasculares na população jovem é criar uma agenda que coloque em prática todos os conhecimentos já adquiridos sobre o assunto, afirma o médico.

“Isso envolve o paciente, o cardiologista, o cardiologista pediátrico, o pediatra, o nutricionista, dentre outros profissionais; a família, a escola e uma política de saúde eficaz que possa integrar todos eles e facilitar as medidas que precisam ser tomadas, como o incentivo à atividade física no período escolar, por exemplo”, expõe.

Mais um desafio é dar o exemplo em casa. “Pais e irmãos precisam trabalhar juntos, porque senão a criança fica sozinha tentando fazer algo que ninguém faz”, observa Rivera.

Além disso, é muito mais fácil fazer com que uma criança cresça praticando hábitos saudáveis do que impor para um adolescente “novos hábitos”, indicando o que ele pode ou não comer, ou a necessidade de praticar exercícios físicos. É difícil para os jovens verem as consequências de seus hábitos no futuro, pois, para eles, o futuro está muito distante.

Segundo Andrea Wendt, autora do artigo “A Saúde Cardiometabólica dos Adolescentes é Afetada por Períodos Prolongados de Inatividade?”, publicado no ABC Cardiol, a prevenção das doenças cardiovasculares do adulto começa na infância, com a identificação dos fatores de risco e abordagem precoce. A intenção é evitar a disfunção endotelial que é substrato da aterosclerose (acúmulo de gordura na artéria). A obesidade pode preceder distúrbios metabólicos futuros e está intimamente associada ao desenvolvimento de doenças crônicas e comorbidades.

“O papel do médico é orientar e trabalhar com outras especialidades e com os familiares para mudar a qualidade de vida desses adolescentes”, finaliza Rivera.

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